01/10/2021
As carteiras digitais, como o PicPay, PayPal e Iti, cresceram 43,5% em 2020 na América Latina, de acordo com pesquisa de mercado da FIS, empresa de serviços financeiros. Geralmente por aplicativos, as carteiras digitais podem armazenar dinheiro e também dados de cartão para que a pessoa consiga realizar pagamentos e transferências usando somente o celular ou outro dispositivo compatível.
A pesquisa da FIS afirma que esse crescimento foi uma resposta à pandemia da Covid-19, que acelerou a capilaridade desse método em todo o mundo em mais de 3 anos. No Brasil, as transações eletrônicas por meio das carteiras digitais foram responsáveis por 17% de todas as operações, consolidando-se como o segundo método mais utilizado, perdendo apenas para o cartão de crédito.
De acordo com o economista que atua na Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Denilson Lima, esse crescimento também se explica pela facilidade, segurança e vantagens que o consumidor tem. “Há uma facilitação da relação de compra, se você tiver um celular, consegue fazer uma compra de valor alto em qualquer lugar, seja presencial ou online”, explica.
O vice-presidente sênior da Worldpay from FIS para a América Latina, Juan Pablo D’Antiochia, reforça o fato da “onipresença dos celulares fazer deles o passaporte digital ideal para acessar os consumidores brasileiros”. Em 2020, a penetração do aparelho no país foi de 66% e da internet 71%. Já o comércio móvel, aquele com transações que ocorrem por meio de dispositivos móveis, cresceu mais de 40%.
“O brasileiro é bastante receptivo a novos serviços e tecnologias digitais. Por termos cerca de 34 milhões de desbancarizados no Brasil, essa população encontrará nas carteiras digitais uma alternativa acessível, sem necessidade de abrir contas em bancos”, contextualiza Juan Pablo.
Oito em cada 10
Segundo pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, oito em cada 10 brasileiros conhecem as carteiras digitais. E 63% dos que conhecem fizeram uso nos últimos 6 meses, seja para pagar a recarga do celular, a fatura do cartão ou um delivery de comida.
A estudante universitária, Ana Lara Barros, lembra que começou a usar o PicPay em 2019 para ter mais facilidade nas transferências de dinheiro entre os membros da família. Ela conta que continuou usando o aplicativo “porque tem muito desconto para pagar boleto, promoção e cashback, que é o que mais atrai”.
Ainda de acordo com a pesquisa da Serasa, 53% dos usuários de carteiras digitais consideram justamente o cashback como a função mais essencial do modelo. O diretor de Meios de Pagamentos da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Daniel Bento, aponta que os operadores das carteiras digitais “buscam criar vantagens para o usuário, como a rapidez na aprovação dos pedidos, prêmios e financiamentos especiais” e isso impulsiona a adesão dos consumidores.
O diretor sinaliza que os pagamentos por QR Code nos check outs das lojas físicas têm um papel importante na popularização do método, principalmente pela praticidade oferecida. Daniel destaca que a segurança e o controle também são vistos como vantagens: “não ter que passar os dados de cartão em todo site e saber que há um ‘escudo’ para se proteger caso ocorra algo de errado na compra, pesa muito na escolha desse tipo de pagamento”.
O economista Denilson Lima enxerga que esse método de transação “caiu na graça do consumidor e do empresário” também pela redução nos gastos com taxas. “As carteiras digitais estão mitigando os custos dos comerciantes que aceitam cartão de crédito”, explica.
A pesquisa da FIS prevê que, para 2024, as carteiras digitais devem crescer outros 57% na América Latina e se tornarem o principal método de pagamento no comércio eletrônico do continente. O vice-presidente Juan Pablo afirma que: “será fundamental para a manutenção e sobrevivência do negócio saber operar vários canais com agilidade, segurança e eficiência”.
A estudante Ana Lara Barros já tem percebido aumento no número de lugares que aceitam as carteiras digitais nos últimos anos. “Quando vamos ao mercado sempre pagamos por QR Code e hoje é difícil encontrar um estabelecimento que não aceite esse tipo de pagamento”.
Daniel, diretor da ABComm, também enfatiza a importância da adaptação e diz que a empresa que não tiver os principais métodos disponíveis de pagamento afastará os compradores, pois “ter diversas opções no e-commerce facilita a vida de quem quer pagar”.
Fonte: A Tarde
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